DO QUE VOCÊ ABRE MÃO?




CONSULTOR: DO QUE VOCÊ ABRE MÃO?
Dino Carlos Mocs�nyi
Esta �dica� � parte do livro �Consultoria: O Caminho das Pedras�, editado pela Central de Neg�cios Editora e Marketing. Para adquiri-lo, clique ao final deste texto!


O que fica para tr�s quando se deixa o emprego fixo?


N�o gosto de comparar emprego fixo com consultoria, pois em muitos pontos n�o h� nenhuma rela��o. Mas, a t�tulo de refer�ncia, para voc� se posicionar em rela��o ao seu futuro profissional, acho interessante lembrar alguns t�picos. Neste cap�tulo convido voc� a pensar nas perdas tang�veis e, principalmente, nas intang�veis, n�o-monet�rias.

Valores Tang�veis

Quando algu�m deixa um emprego, voluntariamente ou porque foi demitido, como est� acontecendo hoje com muitas pessoas, a primeira preocupa��o que surge por parte da �v�tima� � a perda do sal�rio fixo. Mesmo entre aquelas pessoas que j� n�o tinham emprego h� algum tempo, existe a tend�ncia de pensar sobre quanto estariam ganhando se ainda estivessem trabalhando, ou se voltarem a trabalhar como empregados.

Para esclarecer esta quest�o, use as informa��es a seguir para calcular o valor de renda atual, se for o seu caso, ou quanto isto seria, se n�o estiver empregado.

Para que voc� possa acompanhar o racioc�nio e, ao mesmo tempo, fazer as contas, caso tenha vontade de sair do emprego ou j� esteja desempregado, e por isso pensa em trabalhar por conta pr�pria, anote quanto ganha atualmente. Como v�rios rendimentos ou benef�cios n�o s�o mensais, anote sempre o valor anual dos respectivos itens.

Utilize como ponto de partida o princ�pio de que voc� n�o recebe (ou recebia) somente doze, mas sim 13 sal�rios por ano.

Muitas empresas distribuem b�nus anuais aos seus funcion�rios, principalmente �queles mais graduados. Se este for o seu caso, ou j� foi, e mesmo que estes valores tenham sido muito variados nos �ltimos anos, anote um valor m�dio anual.

Acrescente quanto recebia por conta dos vinte ou trinta dias de f�rias anuais - no m�nimo, se voc� sempre gozou dos trinta dias e n�o �vendeu� dez dias � empresa, voc� recebeu anualmente um adicional equivalente a um ter�o de seu sal�rio por ocasi�o de suas f�rias. Se o seu h�bito tem sido o de sair somente vinte dias, anote tamb�m o valor adicional de dez dias (um ter�o do sal�rio) a cada ano.

Lembre-se tamb�m de notar que, quando voc� est� em casa nos fins-de-semana e nos feriados, estes dias s�o remunerados e de que, independente do maior ou menor n�mero de feriados, o seu sal�rio � absolutamente invari�vel, ou seja, n�o sofre nenhuma influ�ncia em fun��o da redu��o das horas trabalhadas no per�odo.

Fa�a agora uma estimativa de quanto valem os benef�cios adicionais do seu cargo. Os principais costumam ser:

� Assist�ncia m�dica;
� Autom�vel - manuten��o completa do ve�culo, troca a cada dois ou tr�s anos, IPVA, seguro;
� Reembolsos de despesas de combust�vel (quilometragem) e ped�gios;
� Reembolso de refei��es;
� Descontos em aquisi��o de medicamentos;
� Outros - pense e anote o valor anual de todos os outros benef�cios que eventualmente voc� recebe ou recebia de seu empregador.

Quem est� empregado ainda recebe, mensalmente um dep�sito em conta vinculada relativa ao Fundo de Garantia por Tempo de Servi�o (FGTS). Estes valores tamb�m devem fazer parte da tabela, com a respectiva corre��o e juros adicionais. Juntando tudo isto, significa, na pr�tica, que voc� est� capitalizando 8% mensalmente, mais os juros e corre��o, o que corresponde a cerca de um sal�rio adicional por ano. N�o esque�a, ainda, de considerar que quando voc� � demitido, a empresa deve pagar, por lei, um adicional de 40% sobre o valor total depositado em seu FGTS.

A soma de todos estes rendimentos e benef�cios � que vai resultar, efetivamente, no que se pode chamar de Rendimento Anual Fixo.

Valores Intang�veis

Na verdade, sua �renda� n�o inclue s� os valores tang�veis. Al�m de todos os valores quantific�veis, existem outras considera��es que devem ser levadas em conta, no caso de quem tem emprego fixo e pretende mudar de atividade, embora n�o se possa express�-las monetariamente.

- Previsibilidade financeira - a garantia do sal�rio no emprego fixo � a primeira coisa que deixamos para tr�s quando abra�amos a carreira de consultor independente. A certeza de que nos dias 15 e 30 haver� o dep�sito em dinheiro no banco, de que em Dezembro se recebe o 13o sal�rio, mensalmente o dep�sito do FGTS e anualmente se recebe f�rias: tudo isso fica para tr�s quando se passa a trabalhar por conta pr�pria.

- Fins de semana, feriados e folgas remunerados

- Balizamento para a carreira - Quando voc� deixa o emprego para se tornar consultor, principalmente se for aut�nomo ou participante de um pequeno grupo de consultores, vai ser o �nico respons�vel pelo seu pr�prio futuro; ningu�m vai decidir nada por voc�. Essa situa��o pode ser vista de duas maneiras: como uma perda ou como um grande ganho, j� que voc� passa a ser dono do seu pr�prio destino. Com isso, n�o fica na depend�ncia da simpatia ou dos humores de um chefe, em uma empresa qualquer.

Na atividade independente de consultoria n�o h� direcionamento nenhum. N�o h� uma carreira. H� o que voc� resolver e conseguir ser.

- Infraestrutura - quando voc� trabalha em uma empresa, disp�e de uma infraestrutura da qual a maioria dos profissionais com quem conversei s� se deu conta, realmente, quando deixou de t�-la.

- Conv�vio profissional e social - Ao sair da empresa, perde-se, o conv�vio profissional e social que existia com os colegas, incluindo-se a troca de id�ias e de energia. O profissional que, enquanto vinculado a uma empresa, teve muitas pessoas sob seu comando, que por for�a do seu trabalho se relacionava com pessoas de bom n�vel de conhecimento, sente falta desse relacionamento e sofre, quando vai trabalhar sozinho.

Particularmente, confesso que o que mais me incomodou, logo no in�cio da carreira como consultor independente, foi a perda da infraestrutura e a falta de intera��o com outras pessoas. Felizmente, com o tempo aprendi a superar estas dificuldades, montando uma infraestrutura m�nima, adequada ao volume de neg�cios que tenho.

J� a necessidade de conviv�ncia foi suprida, em grande parte, pelo relacionamento freq�ente com parceiros de trabalho. S�o pessoas com as quais mantenho la�os informais, uma forma que eu, inclusive, recomendo aos consultores que est�o no in�cio de carreira. � um relacionamento que permite formar, em pouco tempo, uma rede de contato com outros profissionais, com os quais voc� pode se comunicar, constantemente, trocar experi�ncias, alimentar e realimentar id�ias, energias e sinergias.

Um dos piores erros que se pode cometer como profissional independente � o de se isolar em casa ou no escrit�rio, achando que isto poder� ser muito proveitoso. Depois de algum tempo, o consultor vai sentir a falta da conviv�ncia, apesar de passar boa parte do seu tempo conversando com clientes. Na verdade, a conviv�ncia com clientes tem limita��es impostas pelo pr�prio tipo de relacionamento, que � mais formal e de car�ter estritamente profissional. Assuntos de foro �ntimo n�o podem e nem devem ser compartilhados com clientes.

Lendo este texto, s�ntese de um cap�tulo mais extenso de meu livro, possivelmente voc� se lembrou de outras vantagens que ser�o ou j� foram perdidas e que n�o foram mencionadas aqui. Aproveite, ent�o, esta oportunidade e reflita um pouco sobre cada perda - mensur�vel ou n�o - e que possa surgir na mudan�a de emprego fixo para a atividade de consultor.